Partir de marcos históricos para refletir criticamente sobre o passado, com inquietações e urgências do presente, tendo em vista os atuais projetos de Brasil, ou Brasis. Esse é o ponto de união entre quatro exposições em cartaz no Sesc São Paulo.   Gratuitas, Margens de 22: presenças populares, Outros Navios: Fotografias de Eustáquio Neves, A Parábola do Progresso e Utopia brasileira – Darcy Ribeiro 100 anos fazem parte do Diversos 22: Projetos, Memórias, Conexões e estão abertas para visitação nas unidades Carmo, Ipiranga, Pompeia e 24 de Maio.  Em cartaz até o dia 24 de fevereiro no Sesc Carmo, na região central da cidade, Margens de 22: presenças populares apresenta um conjunto de obras que lançam luz à experiência de artistas e movimentos que foram excluídos da narrativa de modernidade de São Paulo na Semana de 22, embora sejam peças chaves do processo de urbanização da cidade. Desse modo, convida a olhar para outros atores sociais e narrativas, iluminando artistas que se expressavam nas ruas enquanto uma elite ocupava o palco do Theatro Municipal. A mostra tem curadoria de Joice Berth, Alexandre Araujo Bispo e Tadeu Kaçula.  Outra mostra que em breve se despede da capital paulista é Outros Navios: Fotografias de Eustáquio Neves, em cartaz no Sesc Ipiranga até 26 de fevereiro. A exposição, com curadoria de Eder Chiodetto, coloca a escravidão e seus ecos em debate, atravessando quase 40 anos de produção do artista mineiro descendente de pessoas negras escravizadas. “É um trabalho que capta e manipula imagens ligadas às relações étnico-raciais promovidas no passado e no presente, como a violência contra os corpos, a intolerância contra os ritos e a privação de direitos da população negra”, destaca o curador.  

Completam este conjunto as exposições A Parábola do Progresso, no Sesc Pompeia, e Utopia brasileira – Darcy Ribeiro 100 anos, no Sesc 24 de Maio, que apresentam uma reflexão crítica sobre como constituir perspectivas que possibilitem pensar o país de modo diverso e complexo, com suas contradições e potências. 

Com coordenação curatorial de Lisette Lagnado e os curadores associados André Pitol e Yudi Rafael, A Parábola do Progresso ocupa a Área de Convivência do Sesc Pompeia em uma iniciativa que não reúne simplesmente artistas, mas espaços dialógicos com uma história de atuação cultural e de acolhimento junto a comunidades específicas. São eles o Acervo da Laje (Salvador – BA), a Casa do Povo (São Paulo – SP), a Aldeia Kalipety (São Paulo – SP), o Quilombo Santa Rosa dos Pretos (Itapecuru Mirim – MA), e Savvy Contemporary – the Laboratory of form-ideas (Berlim, Alemanha). Aberta no final de 2022, a mostra marca ainda o 40o aniversário do Sesc Pompeia, inaugurado em 1982, tendo como objetivo discutir o legado de Lina Bo Bardi ao somar referências, camadas vivenciais e sociais ao projeto.  

Utopia brasileira – Darcy Ribeiro 100 anos,com curadoria de Isa Grinspum Ferraz e vídeos de Eryk Rocha, celebra o centenário e evidencia a atualidade do pensamento deste intelectual, apresentando vários aspectos de sua atuação pública no Sesc 24 de Maio. Dentre os destaques da mostra está uma experiência audiovisual imersiva, projetada em 360 graus, que apresenta o kuarup realizado em homenagem a Darcy Ribeiro na reserva indígena do Xingu em 2012. Quatro facetas que traduzem seu legado norteiam o espaço expositivo: o antropólogo, o educador, o político e o ensaísta e pensador do Brasil. Esses núcleos são compostos de vídeos, plumárias indígenas coletadas por Darcy, fotografias, objetos, documentos, obras literárias, cartas originais inéditas e linha do tempo.