Pesquisar
Close this search box.
Pesquisar
Close this search box.

Bocato apresenta composições autorais no álbum “Bocato Jazz Experience” e avalia o cenário atual do jazz no Brasil

Vivian Silva

Se Nova Orleans (Estados Unidos) é o berço do jazz, em terras tupiniquins, o ritmo e suas vertentes são bem representados por diversos artistas. Com quase 46 anos de carreira, está Itacyr Bocato Júnior (@bocatojazz), conhecido artisticamente apenas por Bocato, 61 anos, que é um dos instrumentistas brasileiros referência no jazz.

Natural de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, a trajetória musical de Bocato é extensa. Ele tocou por quase um ano na banda da saudosa Elis Regina (1945 – 1982), por exemplo, além de dividir o palco com grandes nomes da música brasileira.

Em junho de 2022, Bocato lançou o álbum “Bocato Jazz Experience” com 12 faixas autorais e, muitas delas, inspiradas na pandemia de covid-19. O Instituto (@o_instituto) foi o local escolhido para as gravações, que contaram com o suporte técnico de Ricardo Passini.

Vale destacar que o artista tem agenda fixa na Nossa Casa, na Vila Madalena, que promove às terças-feiras o evento “Free.ta Jazz”, que engloba, além da apresentação do trombonista, um sarau.

Em entrevista exclusiva ao Viva Cidade News, Bocato fala sobre o novo álbum, comenta o cenário do jazz, atualmente, e conta curiosidades sobre o seu trabalho.  Confira após o anúcio:

Viva Cidade News (VCN)Bocato, como o jazz entrou na sua vida? Sua família também era de músicos?
 Bocato –
Meu pai era violeiro, tocava música caipira, de viola. E, na minha escola tinha uma bandinha, que é de São Bernardo do Campo, banda mirim Baeta Neves, então, foi uma coisa mais ou menos assim, de música básica bem brasileira. O jazz foi meio que inevitável, com 15, 16 anos eu comecei a ouvir alguma coisa, alguém me mostrava outros músicos mais velhos que conheciam, Louis Armstrong, Frank Sinatra e várias coisas assim do jazz tradicional. 

VCN – Nos últimos tempos, há algumas casas noturnas que sempre incluem na programação o jazz. Qual sua avaliação sobre o cenário do jazz, atualmente?
 Bocato –
Nossa, é uma evolução muito grande que está tendo que vai, com certeza, influenciar músicas brasileiras. O jazz é uma coisa muito técnica, puxa que o músico tenha técnica e conhecimento em harmonia, em contraponto e improvisação, então, o que eu estou vendo, hoje, músicos que nem Igor Bollos, Eliezer Inácio, que são guitarristas; Vinícius Chagas, saxofonista; e Fernandinho Amaro, baterista. Há muitos músicos com nível técnico altíssimo, que não eram como no começo dos anos 1960 ou quando eu comecei, que era muito difícil ter acesso ao material e essa molecada já vem de base pronta. Então, é maravilhoso.

 

VCN – Me fale sobre o seu novo álbum, o Bocato Jazz Experience, que acabou de “sair do forno”? 
 Bocato –
 Eu estou lançando um CD, que foi produzido pela Proac (Programa de Ação Cultural) que é o “Bocato Jazz Experience” 2022. Então, já está em todas as plataformas digitais, acabou de sair, faz uns 15 dias. Esse álbum eu tive a sorte de poder contar com uma boa rapaziada jovem, que é o caso do Fernando Amaro (bateria), Igor Bollos (guitarra), Eliezer Inácio (guitarra) e Giba Pinto (contrabaixo), então, foi uma coisa assim bacana, com essa rapaziada, tanto é que eu usei esse nome Jazz Experience, porque é um retorno que eu dou a essa rapaziada, a esses jovens, que estão vindo no jazz e o Brasil é forte nisso. Então, o nome é em inglês, mas reverenciado os nossos músicos.

VCN – O repertório do novo álbum é autoral?
 Bocato –
Eu fiz ele todo autoral. Contando bastante com a criatividade dos músicos, então, fazia acho que uns quatro anos, que eu não lançava um álbum com minhas composições… O disco tem 12 músicas, o mais importante foi que eu fiz tudo com uma qualidade boa, super bem gravado, então, o que eu mais prezei foi isso. Agora fica à cargo das pessoas entenderem, gostarem, mas eu tinha esse compromisso de fazer com o máximo de qualidade.

VCN – Onde ocorreram as gravações?
 Bocato – Nós gravamos em São Bernardo do Campo, no Instituto (@o_instituto), um lugar muito bacana, um estúdio muito legal, com o Ricardo Passini, que é técnico, produtor e um amigo que ajudou muito gravando. 

VCN – Além do jazz, quais gêneros musicais ou artistas o senhor costuma ouvir no seu dia a dia?
 Bocato –
 Eu gosto muito do jazz, do rock, de música instrumental, música brasileira – de bossa nova a samba – Hermeto Pascoal, o jazz de improvisação, então, vai um geral aí… hoje está bem aberto para se ouvir isso tudo. E o disco também é um caldeirão dessas misturas, sempre focando na música brasileira, mas teve funk… e uma coisa que eles fazem lá no Nossa Casa, eles fazem sarau, e aí eu aproveitei uma ideia dessas e chamei a Daisy Coelho, uma das meninas que cantam lá, eu fiz uma base instrumental, meio jazz, meio soul music, enviei a ela, que estava em Recife, e ela fez duas músicas. Tem um estilo que eu tenho aprendido lá no Nossa Casa, no sarau com jazz, fica uma base tocando com três músicos e vão revezando a meninada improvisando versos, rimas, então, acaba saindo coisa muito legal.  Eu aproveitei e fiz duas músicas assim, me servi disso para a música rolar.

VCN – Ao longo da sua carreira, o senhor já tocou com diversos artistas. Pode me citar alguns que foram especiais? E por quê?
 Bocato –
Fica difícil, são todos amigos, professores, irmãos e companheiros dessa jornada. A primeira que eu guardo sempre, é a Elis Regina, que foi como uma mãe musical para mim, não deu nem tempo de perceber direito, pela tragédia que aconteceu. E músicos como Hermeto Pascoal, mais um monte de gente. Tem também o Itamar Assumpção, Arrigo Barnabé, pessoal do rock, Kiko Zambianchi, um monte de gente…

 

VCN – Além do trombone, o senhor toca outros instrumentos musicais?
 Bocato
– Toco violão. Ele me dá o apoio para eu compor, para as harmonias, os arranjos e trabalho com um programa de computador que chama Sibelius. 

 Entrevista publicada originalmente na edição impressa 2732, de agosto de 2022.

Compartilhe nas redes sociais
Newsletter Form (#3)

Inscreva-se em nossa Newsletter


Pesquisar
Close this search box.