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Exclusiva com Eduardo Kobra

Por Stefany Leandro

“Da periferia de São Paulo para o mundo.” A frase que abre a biografia de Eduardo Kobra em seu site, resume bem a trajetória do artista, reconhecido mundialmente como um dos maiores muralistas da atualidade.  

Suas primeiras “borrifadas” de spray foram dadas como pichador, assinando tags pela cidade, ainda na juventude. Mas, inspirado por artistas que admirava e movido por sua paixão de criar, descobriu na Arte uma importante ferramenta para colorir a desafiadora e escura realidade imposta àqueles que vivem à margem da sociedade.

Com obras presentes em cinco continentes e cerca de 35 países, Kobra propaga, por meio da arte de rua, mensagens de fé e esperança, e chama atenção para questões universais, como desigualdade social, diversidade e problemas ambientais, além de resgatar feitos históricos e enaltecer personagens inspiradores, que, assim como ele, são exemplos de que, com coragem e determinação, é possível superar desafios considerados impossíveis e, até mesmo, ultrapassar fronteiras.

Viva a Cidade News (VCN) – O que levou você a querer trilhar este caminho?
 Eduardo Kobra (EK) –
 “O que me motivou foi justamente a minha paixão pela arte e a emoção que sentia toda vez que me deparava com o desenho de outros artistas ou tinha contato com as tintas. Quando eu pintava algo no muro, isso me tirava os pés do chão e sentia-me sempre muito entusiasmado e motivado a aprender.”

VCN – Seus murais possuem características marcantes, como o uso de cores vibrantes. Desde o princípio sua arte segue este conceito ou foi evoluindo até chegar ao que vemos hoje?
 EK – “
Comecei copiando outros artistas, como os cartunistas Chico e Paulo Caruso, que faziam caricaturas que me interessavam bastante. Aos 12 anos, eu tinha referências como Maurício de Sousa e gostava de reproduzir super-heróis. Depois, comecei a fazer grafites na linha do que era feito em Nova York e, só após muitos anos pesquisando e estudando, é que passei a ‘pintar com o meu próprio pincel.’ 
     Hoje meu trabalho é dividido em vários projetos e processos. Nem tudo é pintura. Gosto de explorar outros tipos de arte. Para mim, o mais relevante são as mensagens passadas.”

VCN – De onde vem a sua inspiração?
 EK –
 “Eu me divirto com a criação. Criar é bem natural e espontâneo. É algo que me motiva principalmente pelo desafio. As viagens, os locais por onde passo, as diferentes tradições e culturas que conheço, tudo me traz muita reflexão. Tudo o que eu vejo de positivo ou de negativo, as coisas simples como um jardim, uma peça de arquitetura, um casal de araras que passa voando, gestos de afeto que vemos em uma cidade caótica, uma ação solidária, uma biografia, um documentário, questões sociais como violência e racismo, a história de alguém que fez algo de relevante pela humanidade, que está lutando em uma comunidade…tudo isso me motiva a seguir em frente e me inspira a trazer novos horizontes e levar sempre mensagens de esperança e fé.”

VCN – Como se dá o processo criativo? Como você define o tema e as imagens que irão compor sua obra?
 EK – “
Essa é a parte que considero mais complexa, porque nela está presente o resultado da inspiração no sentido do conhecimento que busquei e da imersão que fiz na história. Então, a escolha das imagens não está ligada a personagens e personalidades, mas sim ao contexto de onde a arte será inserida. Busco fazer conexões com o local onde estou e isso pode ter a ver com a arquitetura, com o formato do prédio e com questões culturais do país. Chego a desenvolver de 10 a15 criações para chegar ao resultado final.”

VCN – Entre as inúmeras obras já produzidas, qual te deixa mais orgulhoso?
 EK –
 “Sinto-me feliz e orgulhoso por após 30 anos, sentir o mesmo prazer e a mesma sensação de bem-estar de quando iniciei as pinturas nas ruas. Para mim, a felicidade e o orgulho de pintar estão muito mais conectados ao prazer de seguir fazendo, do que ao local onde a obra está e à pintura que foi feita em si. Posso realizar uma arte de pequenas dimensões e ela ser muito mais relevante para mim no aspecto criativo e emocional do que um prédio de 100 metros de altura. Não tenho um painel preferido, porque todos estão conectados e cada um trata de um momento da minha vida.”

VCN – Muitas pessoas ainda encaram o grafite (principalmente os letreiros) como poluição visual. O que precisa ser feito para que as artes de rua passem a ser, de fato, vistas como arte?
 EK – 
“[Este preconceito] é muito similar a quando uma pessoa que entra no Theatro Municipal pela primeira vez e vê uma orquestra maravilhosa tocando Bach ou Villa-Lobos. Ela observa aquilo, mas não tem muito conhecimento e não entende a profundidade do assunto. Em outras vezes, a pessoa não consegue se conectar porque está muito distante dos significados e está presa a muitas raízes culturais que dizem que a arte só é bem- -vista se vier de uma classe social x ou y, da universidade tal ou se algum crítico de arte disse aquilo é legal ou não. Essas barreiras vão sendo quebradas dia após dia e a arte de rua ganha um espaço que sempre lhe pertenceu. Além disso, se você considerar que Michelangelo e tantos outros nomes importantes já pintavam murais, discriminar um artista que está pintando nas ruas é pura falta de conhecimento.”

Fonte: Jornal Viva Cidade News

 

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